quarta-feira, 18 de junho de 2008

15 minutos gastos no Café do Centro...

Tudo é iluminado pela luz do passado... por uma luz difusa que revela uma silhueta que nos propõe a ficar nas pontas dos pés tateando o apoio do parepeito de uma janela para podermos observar mais de perto o avesso, o escuro do muro(da casa vizinha, muitas vezes) ou outra denominação qualquer que me venha a calhar...
Desconhecidos trazem traços amigáveis através de feições que os são estrangeiras, “tickets” a alguém (ou algo) que outrora chegou a compartilhar de um momento qualquer, portas abertas as lembranças que agem como um mecanismo de defesa a vida, sim uma força que nos impede de se atirar do enfadonho quadro humano rumo a uma fuga qualquer.
Meio a fumaça do cigarro e a goles do café, eis que uma senhora de cabelos desgrenhados, sentada ao canto dos meus olhos, me rouba a cena, não era a sua presença que me gerava inquietude mas uma particularidade que prendia toda a atenção: um sinal roubado.
Sinalzinho que em outros tempos repousava próximo a boca de minha avó, pequena mancha que abria sorrisos de satisfação ao (tentar) me fazer aprender receitas “da família”, o gosto dos bolinhos de chuva acaba por se misturar ao café, me sinto invadida...
Tento afogar na minha xícara a vontade de abraçar a simpática ladra e eis que ,talvez para me conter, surge a figura da Marilyn Monroe (pulou de uma cena de “Nunca fui santa”) reivindicando a posse de tão peculiar charme.Comovida diante de tamanha compostura que a senhora acaba por se convencer a usar um colant e em sua tentativa de cantar antigas músicas (de cabaret) que o meu riso não dá mais passagem ao café...
Pelo nariz sinto o cansaço ir embora enquanto que a timidez em ser descoberta resolve pegar carona em passos distraídos, o verde resolve dar “tchauzinhos” quentes lá das copas das árvores e desprovida de qualquer relutância dou uns trocados ao senhor maltrapilho que guarda o carro mal estacionado na esquina... acelero...verde é azul, azul é dedos entre os cabelos,cabelos é vento e vento já não traz distância alguma.