domingo, 7 de dezembro de 2008

adubo inorgânico

Era um absurdo...
as luzes da cidade a estacionar num engarrafamento filho da mãe e lá estava com um lampejo:
-Eu sou um vaso!Putz preciso trocar essa rádio... e lá vai que no desespero me encontro em mais um hit da tabajara FM (um Caetano das antigas) que abre o espaço para loucura:
-sou daqueles de porcelana ou argila?!
ah...que seja...
todos são buracos revestidos que abrem para um "vazio" ,ora se mostram de uma prateleira ora tentam se fartar com flores, terra,rolhas de garrafas...
[buzinas e farol alto]
eis que lembro do vaso, aquele sanitário...
e, como um milagre do destino, o trânsito anda e uma promoção de decoração da "Jacaúna"(num intervalo da rádio) me faz pensar que preciso de mais vasos para as mudas do meu jardim, abro um sorriso e lembro das bromélias que brotaram!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Cigarra e a Formiga

Era uma vez a cigarra e a formiga.A Cigarra, muito boemia, vivia seu verão apenas de se masturbar por ai. Gozava a tudo que é direito, sempre metendo o dedo no grilo, gemendo e cantando entre as pernas, gozando das formigas que trabalhavam. Mas o verão passou; o inverno chegou. E a cigarra com frio e fome bateu na porta da casa da formiga.A formiga olhou pelo olho mágico da porta e perguntou “por que esta tão acabada?”.A Cigarra então respondeu “Por favor, gozei o verão todinho e agora não tenho comida nem casa para me proteger do vento e do frio”.”Gozou o verão todinho, hein? Pois agora goze para se aquecer!”, falou com asco a Formiga. A Cigarra foi saindo chorosa e tremendo de frio, uma visão de dar dó. Com isso, a formiga que ainda vigiava pelo olho mágico sentiu pena da Cigarra, e abrindo a porta falou “Mas então era você que sempre nos alegrou, se masturbando e gemendo?”.”Sim, era eu mesma”, respondeu chorando a Cigarra. ”Pois então entre minha amiga, pois a visão de seu grilo, lá de cima da arvore, e sua musica de gemidos sempre nos estimulou e animou enquanto trabalhávamos. Garantindo também belos sonhos eróticos!”.A Cigarra então entrou na casa da Formiga, e desde aquela noite começaram a trepar até a primavera.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

15 minutos gastos no Café do Centro...

Tudo é iluminado pela luz do passado... por uma luz difusa que revela uma silhueta que nos propõe a ficar nas pontas dos pés tateando o apoio do parepeito de uma janela para podermos observar mais de perto o avesso, o escuro do muro(da casa vizinha, muitas vezes) ou outra denominação qualquer que me venha a calhar...
Desconhecidos trazem traços amigáveis através de feições que os são estrangeiras, “tickets” a alguém (ou algo) que outrora chegou a compartilhar de um momento qualquer, portas abertas as lembranças que agem como um mecanismo de defesa a vida, sim uma força que nos impede de se atirar do enfadonho quadro humano rumo a uma fuga qualquer.
Meio a fumaça do cigarro e a goles do café, eis que uma senhora de cabelos desgrenhados, sentada ao canto dos meus olhos, me rouba a cena, não era a sua presença que me gerava inquietude mas uma particularidade que prendia toda a atenção: um sinal roubado.
Sinalzinho que em outros tempos repousava próximo a boca de minha avó, pequena mancha que abria sorrisos de satisfação ao (tentar) me fazer aprender receitas “da família”, o gosto dos bolinhos de chuva acaba por se misturar ao café, me sinto invadida...
Tento afogar na minha xícara a vontade de abraçar a simpática ladra e eis que ,talvez para me conter, surge a figura da Marilyn Monroe (pulou de uma cena de “Nunca fui santa”) reivindicando a posse de tão peculiar charme.Comovida diante de tamanha compostura que a senhora acaba por se convencer a usar um colant e em sua tentativa de cantar antigas músicas (de cabaret) que o meu riso não dá mais passagem ao café...
Pelo nariz sinto o cansaço ir embora enquanto que a timidez em ser descoberta resolve pegar carona em passos distraídos, o verde resolve dar “tchauzinhos” quentes lá das copas das árvores e desprovida de qualquer relutância dou uns trocados ao senhor maltrapilho que guarda o carro mal estacionado na esquina... acelero...verde é azul, azul é dedos entre os cabelos,cabelos é vento e vento já não traz distância alguma.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Trombones

Vitória um dia percebeu a quantidade de gente reclamona existente no mundo. Percebeu também o quanto esses reclamões não tem noção de espaço, respeito, ouvido, onde ele termina e onde começa o outro, etc. Na opinião de Vitória, reclamões na verdade, são pessoas carentes, sozinhas no mundo e que adoram aparecer para simplesmente terem um pouquinho de atenção. “Mas qual será o antídoto contra essa espécie falante, naquelas situações que não existem saídas?” - pergunta Vitória.
Bom, segundo o fenômeno “The Secret” tudo o que acontece com você é porque de alguma maneira você convocou, portanto, sem entrar no mérito da veracidade da informação, comece parando de reclamar. Você acabou de reclamar dos reclamões. Você reclamou, logo, você “atraiu”. Certo, mas e depois que a situação já foi “atraída”, não podendo nem mudar de lugar, o quê fazer? Aí existem diversas possibilidades:
1- De jeito nenhum dê ouvidos as reclamações. Não responda, não concorde, nada. Deixe o reclamão falando sozinho. Grande parte desconfia que não tem ninguém para ouvir...
2- Começar a fazer o mesmo, só que do reclamão, para ver se ele desconfia. Mas é muito provável que você vai ganhar um amigo para continuar, junto com você, suas bufadas.
3- Faça barulho, bata a mão na mesa, espreguice batendo sem querer no reclamão - normalmente, reclamão também é muito espaçoso. Ele não tem noção do espaço dele, está sempre se mexendo, querendo sentar no colo, ocupar o espaço do outro, uma maneira de se aproximar e encher, principalmente, os ouvidinhos ali perdidos, para mostrar sua indignação – ou fuja, vá indo para o lado, faça contorcionismo (caso esteja em lugar pequeno), mas não deixe o reclamão encostar em você. Ele dá choque.
4- Se a 1° e a 2° sugestão não deram certo, a 3° lhe falta espaço para correr, tente a 4°: Olhe firme nos olhos do reclamão (não bravo, para ele não levar para o lado pessoal) e diga firme: “Por favor, coloque sua cadeira mais para lá. Está em cima de mim.”
Na maioria das vezes funciona. Mas, se você deu motivo para o reclamão virar uma fera e lhe responder com um “quem você pensa que é?”, faça o seguinte: Pare de se achar e brigar e reclamar com todo o mundo!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Nãonecessariamente

Nãonecessariamente não era professora. Mas te asseguro que se deixar fala mais que um numa sala de aula. Falar é uma virtude de Nãonecessariamente. E se queixar da vida, de si mesmo, e comentar como tudo tenderá a dar errado. É claro que Nãonecessariamente geralmente escapa ilesa dessas situações. Não é motivo para Nãonecessariamente deixar de reclamar. A vida é mais, e sempre haverá outras coisas para se reclamar. Nãonecessariamente não arruma um namorado, pois é muito exigente em seus gostos. Na verdade Nãonecessariamente deveria ter nascido homem, e gay. Talvez assim fosse mais feliz – mas tenho minhas duvidas. Nãonecessariamente é indie, por mais que negue. E por mais que pregue pela liberdade de excreção vai criticar aquilo que não gosta, afinal de contas, apesar de Nãonecessariamente não necessariamente ser normal – de longe deixa de ser humana. É uma boa definição para Nãonecessariamente: humana. O problema é que se você comentar isso para ela, provavelmente ela vai dizer “Não necessariamente palavra complicada citação de livro teoria mal fundada palavra complicada conclusão pouco coesa” – e sem virgula alguma.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A trajetória de uma patriota

Nascida do calor de Cuiabá ,quando Mato e Grosso a deixara sem grandes satisfações, se colocava a imaginar algo maior, grande e violento e ao partir rumo ao seu fetiche, ops...digo... sonho, que a mesma descobriu SP.
Inserida entre tantas opções de escolha, a jovem empenhou-se na busca por uma calça de couro e acaba por se perder no departamento de moda intima da Daslu, não tinha nariz empinado que conseguisse fugir do mal odor que provinha do cinza-concreto daquela cidade ou do desodorante vencido da senhora gorda da cabine ao lado. Para manter alguma idéia de individualidade, enfia os pés num salto 15 ,desfila e ostenta etiqueta, ah a etiqueta, que sorte infeliz!!
Ao passar pela sessão de moda formal, a danada da etiqueta se enrosca em uma arara,movida pelo ato desavergonhado de expor sua semi-nudez, arranca das mãos de uma senhora "tia do colegial" seu vestido composto,a atenção do alunato a cabia apenas como uma escassa entrada , ela queria e teria como prato principal a noite paulistana.
A boate servia o seu desdém como aperitivo aos convidados famosos, já enjoada dos tons monocromáticos que a grande capital imprimiu em sua rotina, se empenha em um plano de fuga com direito a um “pit stop” ao balcão do bar para brindar a sorte de um plano audacioso... depois da quarta, quinta dose a boate gira, são Paulo gira.
"Stop! a vida parou ou foi o ... ô.... garçon,mais uma dó, ic, dóose,sim !!?"
Todo o caos metropolitano se desfez, só resta em sua memória o som das buzinas,dos alarmes e alarmada percebe que a paisagem ao seu redor mudara, a brisa morna que emaranha seus cabelos já não era um playboy a chama-la de meu bem,o verde lhe parecia estranho aos olhos e a medida que o calor toca o seu corpo, a insegurança sede lugar para a alegria de retomar as memórias da sua juventude (onde no Mato ela tinha o Grosso ) é tocada pela orgástica experiência onde em busca de prolongar o seu prazer,entra em comunhão com a natureza e resolve num bar próximo tomar suco de clorofila e comer alguns galinhos no azeite.
Chegou a um boteco onde só a serviram cana com serigüela, o garçom liga a tv , todos estão com a expectativa de assistir a partida de futebol: Argetina X Brasil.Comovida pelo repentino patriotismo daquele público, resolve agarrar a bandeira e seguir com uma mão no peito e a outra no mastro a levantar o orgulho do ser brasileiro.Hoje é flagrada pelas esquinas da capital paraibana a cantar:
"Ouviram no Impirannnnnnnnga as margens pláaaaaaaaaaaaaacidas..."
No bebe ao som do blues com a cor rubra estampada na face e munida de um tom alterado de voz que ela se manisfesta :
-"Vocês querem fazer o favor de parar de falar besteira?"

Cenas para o próximo capítulo, vote em uma das opções:

opção A: Aventuras culinárias: como adotar lombras lúcidas
opção B: Adote você também um nerd de bolso!
opção C: Uma problemática de gênero: como fisgar um hetero em uma boate gay!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sobre(a)mesa Surpresa

Em gradientes:
(desprovidos de hierarquia):
-sal grosso
-uma frigideira grande
-uma pitada de açúcar
-sonhos (quaisquer encontrados na imaginação ou na gaveta)
-modo inglês (molho escuro estereotipado,concentrado em regras e pudores)

O pré-trato:
Na frigideira grande doure os sonhos
quando o azul se desbotar em cinza
jogue sal grosso para apaziguar o amargo na língua
Mas não adianta careta não, mais azedo que o limão
Será a pitada de açúcar a se multiplicar,adoçar e anunciar
uma nova ilusão
mãos trêmulas na presença de um “eu te disse”
irão derrubar o modo inglês,
regada a muitas distrações e palavrões
a gororoba estará servida!

Modo de sentir:
Recomenda-se servir esta iguaria ainda quente
em pequenos clichês, algumas doses de anti-ácido
caírão bem para acompanhar a ressaca moral do dia
em que você já não mais possa se reconhecer no outro.
Sobre a mesa : mais receitas!

terça-feira, 25 de março de 2008

+ 10

Quero mais 10 anos de vida nesta vida.
Quero mais despertar e consciência de uma existência que descubro a cada dia.
Quero extrair a alma de uma árvore e conviver com ela.
Quero absorver a inocência de uma criança e viver feliz.
Quero descobrir que meu dedo se transforma numa varinha mágica quando eu quero.
Quero tocar o mundo e transformá-lo em luz.
Quero e posso ser um Deus.
Quero é poder brincar mais, fazer meus brinquedos, personagens, cenários.
Quero viajar o universo, sem limites.
Quero simplesmente viver mais 10 anos.

quarta-feira, 5 de março de 2008

bunda auto-ajuda

Uma amiga não estava bem, e eu não sabia o que dizer. Também não sabia o que passava por sua cabeça. Na minha, eu pedia a Deus para que ela não esperasse que eu dissesse algo. Já fui melhor nessas coisas, acho. Ela acelerava cada vez mais, e decidi não olhar mais para a estrada. Ela botou um cd dos Beatles – mas não se decidia qual musica escutar. E geralmente parava em uma apenas por um - ou dois minutos. Com o canto do olho tentava diagnosticar como esta estava. Ao fim da carona me levantei, e por acidente minha calça rasgou feio, mostrando minha cueca e bunda. Ela gargalhou com alegria e me senti frustrado. Minha bunda fez melhor que eu.